quinta-feira, 5 de março de 2015

36. BEIRALTÍSSIMA SEU REINO COMUNICAR

Penedono concelho participar

Organizar valorizar.

Camões Magriços e Lusíadas

Honrar dignificar

Desenvolver comunicar.

Não obstante a interioridade, Penedono e a envolvente, estão dotados com boas vias de comunicação, qualidade de que careciam há uma década ou um pouco mais. Contudo têm que concorrer com localidades do litoral e/ou situadas perto dos aeroportos, estações de camionagem, caminhos-de-ferro e gares marítimas. Este ponto fraco ou aparentemente fraco pode tornar-se em desafio mobilizador. A procura do interior pode ser incentivada junto de segmentos que gostem da natureza, arquitetura chã, ares menos poluídos, gastronomia, arte, cultura e demais patrimónios locais/regionais.

A participação de Penedono na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa foi/é uma das oportunidades para apresentar e divulgar os produtos e o território. Por ventura estes eventos são dispendiosos mas também são ocasião para inventar, criar e testar produtos, conhecer concorrentes, ganhar experiências e proporcionar uma relação entre a população dos concelhos beiraltíssimos e suldurienses com os potenciais públicos.

A divulgação e animação turística têm sido implementadas de diversos modos: BTL, Feira Medieval, Mercado do Magriço, festas concelhias, BTT nos trilhos do ceireiro e do concelho. Todavia, achamos que outros atrativos e modos de divulgação são necessários para dar possibilidade de escolha e preencher tempos livres: miradouros, monumentos naturais, edificados e artísticos com boa informação e bons acessos. Guias humanos, áudio-guias, transporte, atendimento e relação preço/qualidade atrativos.


 
O Reino de Penedono na BTL 2015 contou com informação e bons produtos – castanhas, doce e licor à base desta iguaria. Consta que a melhor castanha do mundo se encontra entre Sernancelhe e Penedono (Terras do Demo e de Magriço) segundo vários especialistas e apreciadores. Ficámos bem impressionados com o pavilhão do Reino de Penedono: heráldica e iconografia ligadas às antigas Ordens Religiosas, escudos com cruzes características e profusão do símbolo – a flor de lis – remetendo para significados ligados: à realeza, religiosidade, Lisboa e identidades: nacional e europeia (1).

O Grupo de percussão e sopro animou com os seus sons e trajes que nos despertam para as culturas ancestrais, porventura célticas, celtibéricas e lusitanas, de que a Península foi participante.

Cremos que o Reino de Penedono deveria poder contar com ainda mais participação da população: na gestão, organização, preservação, valorização e divulgação dos patrimónios. Por exemplo com a criação de um museu de território ou ecomuseu. Há exemplos em Portugal e no exterior com bons resultados; efeitos agregadores do sentido de pertença, reanimação da economia, preservação, participação e comunicação de patrimónios.

Não devemos esperar tudo das Regiões de Turismo, nem da Autarquia, embora os seus apoios, ações e coordenação sejam bem vindos e por enquanto imprescindíveis. É preciso que cada membro da população faça por se integrar na gestão da coisa comum. O investigador, historiador e museólogo Jean Clair chegou à conclusão de que um ecomuseu de território "postula, mais do que uma participação do público […]. O ecomuseu congrega [… e de modo inusitado] a adesão dos habitantes" (2).

Ser ousado, cooperativo, inventivo, criar um desígnio comum com dois ou três projetos piloto é preciso para reverter tendências e processos de esvaziamento social do território, abandono de caminhos, paisagens, equipamentos, terrenos, edifícios e modos de produção. O ecomuseu “é um espaço […] onde as paisagens olfactivas e gustativas nos convidam a penetrar e a partilhar identidades, sabores e odores. Onde os vários patrimónios se preservam” (3). Num projeto deste tipo, Ana Maria Rodrigues Bonito conseguiu pôr em diálogo instituições e população do Concelho da Ponta do Sol – Madeira, recolheu importante informação e documentação que se perderiam irremediavelmente. Esta animadora /  investigadora / museóloga dinamizou ações e trouxe um novo olhar sobre o território. Há outros exemplos no país, nomeadamente no Seixal, Montalegre, Torredeita …

Os passos seguintes estão na valorização das populações e da economia local, no desenvolvimento do conceito de identidade e de pertença. O Reino de Penedono tem território e patrimónios onde as pessoas e associações podem colaborar, criar produtos e comunicá-los. Reino de Penedono, Beiraltíssima, Terras do Demo e de Magriço são apenas alguns exemplos de títulos agregadores de informação para comunicar imagem e divulgar produtos locais.

Em suma: Organização, imaginação, cooperação e motivação são fundamentais para criar/desenvolver valores, preservar e beneficiar o território e o património com e para o benefício da população.

Termino com as palavras sábias de uma professora em Filosofia das Ciências, Fac. Ciências U.L.:
 
“Que este tempo de transição

nos ajude a viver um presente

com sabor a inconformismo

e rebeldia criativa”.

(citado de Ana Luísa Janeira, 2015)
…………
Notas:
    (1)Cf. ANCIÃES, Alfredo Ramos -Comunicação da II Visita a Carnide in http://museologiaporto.ning.com/profiles/blogs/35-comunica-o-da-2-visita-a-carnide-passo-i; -Comunicar e Agir Local, doc. cit. disponível em linha.
    (2)CLAIR, Jean -As origens da noção de ecomuseu, ob. cit.;
    (3)Cf. BONITO, Maria Rodrigues – Dissertação…, ob. cit. p. 54
Fontes bibliográficas:
    -CLAIR, Jean - As origens da noção de ecomuseu. Cracap Informations, trad. Tereza Scheiner, nº 2, 1976, p. 2-4
    -LENDREVIE, Jacques, Pedro Dionísio et al. – Mercator. Teoria e Prática do Marketing. Portugal: licença editorial Publicações Dom Quixote; Circulo de Leitores, 1995
    -DÉTRIE, Jean-Pierre; BARROS, Luís de (trad.), et al. - Strategor. Política Global da Empresa, 2ª ed. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1993
 
Fontes em linha, acedidas em 2.3.2015:




---------------Comunicação da II Visita a Carnide Terra da Tentação Luz e Remissão (para uma análise do significado da flor de lis) in http://museologiaporto.ning.com/profiles/blogs/35-comunica-o-da-2-visita-a-carnide-passo-i

-BONITO, Maria Rodrigues - Dissertação para o Grau de Mestre em Museologia. Lisboa: ULHT, 2005

4 comentários:

  1. Caro Alfredo, já tinha lido com cuidado a bela crónica na outra plataforma, só conheço Penedondo fisicamente por avistamento, por outro lado conheço um pouco da sua importância histórica. É este último aspeto que bem deve ser ponto, a merecer ser restaurado, com todas as suas potencialidades.
    Abraços

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  2. Olá Daniel,

    Obrigado por teres acedido 2 vezes a este post.

    Ótima Primavera.

    Um abraço.

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  3. Olá Daniel,

    É bom conhecer o interior, as culturas locais. Elas nos transmitem particularidades e ancestralidades com as quais podemos aprender.

    Um abraço.

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  4. «Já do seu rei tomado têm licença
    Para partir do Douro celebrado
    Aqueles que escolhidos por sentença
    Foram do Duque Inglês experimentado
    Não há na companhia diferença
    De cavaleiro, destro ou esforçado
    Mas um só, que Magriço se dizia
    Destarte fala à companhia [...] »
    (sublinhado nosso) in ANCIÃES, Alfredo Ramos - http://cumpriraterra.blogspot.pt/2012/10/castanhas-da-beiraltissima... e fonte auxiliar: - Os Lusíadas / Luís de Camões, José Hermano Saraiva, José António Lima e Henrique Monteiro. Edição Expresso, com o apoio do Grupo Totta, em 10 volumes, [Lisboa]: 2003, Trata-se duma obra com descrição em português contemporâneo (2003).

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