segunda-feira, 11 de novembro de 2013

01 O MUSEU DE COMUNICAÇÕES: GESTÃO DE COLEÇÕES DE CORREIOS E TELECOMUNICAÇÕES - FASE ROMÂNTICA


Les Musées se renovent, se transforment, se modernisent au servisse de leurs colections, au servisse du public qu`ils tentent de séduire” (1)
 

FASE ROMÂNTICA

          A primeira referência ao museu postal data do ano de 1878, à qual se liga o nome do conselheiro Guilhermino Augusto de Barros, de quem destacamos as seguintes palavras:

          “Quanto à Biblioteca e Museu Postal procurarei ir coligindo quanto lhe respeita e for possível obter, compenetrando-me do pensamento civilizador que inspira tal lembrança” (2). Destaca-se que a então designação de museu postal era abrangente, incluindo os patrimónios de correios, mas também, de telecomunicações e faróis, sendo que nesta fase inicial que caraterizamos de romântica a maioria dos objetos museológicos recolhidos pertenciam aos setores de comunicações à distância (telecomunicações) com ou sem fios.

          O ano de 1878 foi de particular importância para os Correios Telégrafos e Faróis dado que além de várias realizações, referidas no relatório postal do ano económico de 1877-1878 os Correios Telégrafos e Faróis contaram, a partir de 1877, com mais dois órgãos de importância para a documentação, memória, gestão e cultura. Foram esses órgãos, a biblioteca e o museu postal.

          Qual a evolução do museu postal dos Correios Telégrafos e Faróis?

          Desde as primeiras notícias sobre a criação do museu e até 1934 pouco se sabe. Contudo o centro de documentação e informação e o museu da Fundação Portuguesa das Comunicações têm no seu acervo um núcleo de objetos que são resultantes da atividade coletora nos Correios Telégrafos e Faróis do século XIX e foi essencialmente com essas peças que se (re)inaugou o museu em 11.11.1947. Passada a fase inicial, o museu deixou de ser referido na documentação de gestão.

          Com a ação de Godofredo Ferreira (3) e de Luís de Albuquerque Couto dos Santos (administrador-geral e correio-mor dos CTT entre 1933 e 1965) veio de novo a encarar-se a viabilidade do museu. Em 1947 é (re) inaugurado como se nunca tivesse existido, pois não lhe fazem referência à fase anterior.

          No ofício de 18 de setembro o Diretor dos Serviços Administrativos dos Correios Telégrafos e Telefones dirigiu-se ao Ministro das Obras Públicas e Comunicações nos seguintes termos:

“Para ocupar o lugar de Conservador Chefe do Museu dos CTT criado [ficaria melhor usar o termo (re)criado ou (re)inaugurado] por sua Ex.ª o Ministro de 14 do mês de Julho p. p.º, tenho a honra de indicar a Vª Exª o nome do Sr. Dr. Mário Gonçalves Viana”.   

          O ofício prossegue referindo o vasto curriculum vitae do Dr. Mário Viana, assim concluindo:

          “Parece-me, pois, que ele [Mário Gonçalves Viana] estará em ótimas condições para ocupar o cargo de Conservador-Chefe do nosso Museu e dar-lhe forma e organização que o tornem, em breve, uma desvanecedora realidade” (4).

Obs.: Faz em dia de São Martinho - 11/11, 66 anos (1947-2013) que foi (re) inaugurado o museu da atividade postal e telecomunicações que começou por se chamar Museu Postal, depois Museu dos CTT, Museu CTT da Comunicações e finalmente Museu das Comunicações depois de integrar patrimónios dos Correios Telégrafos e Faróis, CTT, TLP,Teledifusora de Portugal, Marconi, PT e ANACOM

Notas:

(1)    Landais, Hubert – Directeur des Musées de France in Faire un Musée: Comment Conduire une Operation Museographique?

(2)    Barros, Guilhermino Augusto de – in O Museu dos CTT Português. Lisboa: Ed. dos Serviços Culturais dos CTT, 1973, p. 9

(3)    Godofredo Alberto dos Santos Ferreira (1886-1981) ficou célebre nos CTT como autor de várias obras e exímio compilador de documentos históricos que trouxeram ao arquivo histórico e ao museu dos CTT uma das maiores contribuições para a divulgação da memória da empresa.

(4)    Ofício in processo individual do arquivo biográfico dos funcionários dos CTT.

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